quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

RAZÕES PELAS QUAIS DEVEMOS SUPLICAR EM TEMPOS DE TRIBULAÇÃO


Salmo 142.1-7
1Ao Senhor ergo a minha voz e clamo, com a minha voz suplico ao Senhor. 2Derramo perante ele a minha queixa, à sua presença exponho a minha tribulação. 3Quando dentro de mim me esmorece o espírito, conheces a minha vereda. No caminho em que ando, me ocultam armadilha. 4Olha à minha direita e vê, pois não há quem me reconheça, nenhum lugar de refúgio, ninguém que por mim se interesse. 5A ti clamo, Senhor, e digo: tu és o meu refúgio, o meu quinhão na terra dos viventes. 6Atende o meu clamor, pois me vejo muito fraco. Livra-me dos meus perseguidores, porque são mais fortes do que eu. 7Tira minha alma do cárcere, para que eu dê graças ao teu nome; os justos me rodearão quando me fizeres esse bem.
Quantas vezes passamos por situações pelas quais desejaríamos fugir e nunca passar por elas.
Em nosso hinário, existe uma canção que tem por tema Aflição e Paz. Talvez se falarmos, ou até mesmo cantarmos trecho deste hino muitas vão dizer que o conhecem ou até mesmo que já ouviram alguém cantar. Porém, o que algumas pessoas não sabem é a história que há por traz deste hino.
Seu autor Horatio Gates Spafford compôs este hino logo após perder as suas quatro filhas em um naufrágio, salvando apenas a sua esposa. Não temos idéia de tamanha dor que sentiu aquele pai ao perder suas filhas, não temos noção de como deve ter se sentido aquele homem em face deste grande problema, mas este homem foi capaz de expressar através deste hino, qual era desejo diante do Senhor Jesus Cristo.
A primeira e a segunda estrofe deste hino diz assim:
Se paz a mais doce me deres gozar; se dor a mais forte sofrer; oh seja o que for, Tu me fazes saber; que feliz com Jesus sempre sou!
Embora me assalte o cruel Satanás, e ataque com vis tentações; oh! Certo eu estou, apesar de aflições; que feliz eu serei com Jesus.
Sou feliz com Jesus; sou feliz com Jesus, meu Senhor!
Horatio Gates Spafford, o autor do hino, teve seus olhos postos no Senhor em momento de extrema aflição e angustia, e isto é o que parece ter acontecido com quanto Davi colocando os seus olhos no Senhor. Esses dois homens fizeram do Senhor o seu refúgio para a situação em que estavam vivendo.
O sofrimento de Davi estava firmado nas investidas de Saul contra a sua vida, e como podemos observar no início deste salmo, Davi estava refugiando-se em uma caverna, em meio ao desespero.
Este salmo nos dá nos mostra qual era o sentimento de Davi em meio aquela provação.
Encontramos em no Primeiro livro de Samuel, Cap. 22.1 que Davi retirou-se dali e se refugiou nesta caverna, de Adulão.
Ele havia retirado-se da presença do rei de Gate, fazendo-se louco, pois quando os servos do rei lhe disseram que não era a este que se cantava nas danças dizendo: Saul tinha ferido os seus milhares, porém Davi, os seus dez milhares, Davi teve medo, fingindo-se de doido e foi para a caverna de Adulão. E Aquis disse: “Bem vedes que este homem está louco, por que mo trouxestes a mim?”
Vemos que existe certa imprecisão quanto a localidade desta caverna, sendo que alguns comentaristas dizem que Davi escreveu esta oração quando estava em uma caverna no deserto de En-Gedi, e foi nesta caverna que Davi cortou a orla do manto de Saul, conforme nos diz a Palavra de Deus no Primeiro livro de Samuel Cap. 24.4. Porém, outros comentaristas defendem que a caverna onde Davi escreveu este salmo é a caverna de Adulão.
Não sabemos ao certo em que caverna Davi estava quando escreveu este Salmo, mas sabemos sim, que ele estava passando por um momento de adversidade, e isto é o que mais nos importa.
E quando eu olho para esta oração que Davi fez quando estava na caverna de Adulão, olhando para este salmo, eu aprendo com Davi que nos momentos de aflição, nos momentos de dificuldade, vemos o grande rei de Israel suplicando em um momento de adversidade.
Diante deste salmo, devemos nos fazer três perguntas e responde-las e diante disto aprender como suplicar em um momento de adversidade:

A QUEM DEVEMOS SUPLICAR? (v.1, 2e 5)
Vemos que a oração do salmista não é dirigida a nenhuma outra pessoa, a não ser à Deus, aquele que é o seu refúgio. Veja que ele não fica remoendo seu problema, o que não traria a ele nenhum beneficio.
Davi lança suas preocupações sobre Deus, pois sabia onde receberia alívio. Ele diz: “Com minha voz clamo ao Senhor; com minha voz faço súplica”.
Isto enfatiza tanto a natureza de seus pedidos quanto aquele de quem ele busca socorro.
A palavra para Suplicar (suplico) significa fazer um apelo à bondade.
Vemos que suplicar não é determinar, mas é pedir. É clamar pela misericórdia divina em seu favor.
No versículo 2, Davi diz derrama perante o Senhor a sua queixa, e alguns podem pela que a palavra significa no português dizer que ele estava reclamando de sua situação, porém, esta palavra pode ser traduzida por “meus pensamentos perturbados”, daí podemos dizer que Davi clamava para que o Senhor aliviasse seus pensamentos. E ele diz mais, “À sua presença eu exponho toda a minha angústia (tribulação)”, ou seja, perante a sua presença eu exponho aquilo que está me afligindo.
Justamente como o salmo começou, em um apelo, assim o versículo cinco começa com uma dupla expressão de necessidade e confiança (“Eu clamo... Eu digo”).
Davi não encontrava nenhum refúgio entre os homens, porém sabia que possuía um lugar de refúgio no Senhor.
Quando ele diz no verso cinco “o meu quinhão” significa o mesmo que dizer “Tu és o meu desejo”, para Davi ainda que a sua carne e seu coração desfalecessem, Deus é sua fortaleza e a sua herança para sempre.
Em contraste com isto, o que podemos dizer é que o quinhão dos ímpios está nessa vida, está em satisfazer as suas vontades, enquanto o que Davi nos ensina é que nós como filhos de Deus, devemos dizer: Tu Senhor és tudo o que eu quero. Tu és tudo o que eu tenho de mais precioso nessa terra e é somente ao Senhor que eu vou suplicar nas minhas adversidades.
Devemos suplicar ao Deus que é o nosso refúgio; ao Deus que por nós tudo executa.
Precisamos de um refúgio porque estamos aflitos e sofrendo.
2) POR QUÊ DEVEMOS SUPLICAR? (v. 3 e 4)
Devemos suplicar porque o Senhor é aquele que nos conhece, é aquele que se importa, se interessa por nós.
Veja o que Davi diz no versículo 3 : “Quando dentro de mim me esmorece o espírito”, isto implica dizer que quando estou a ponto de perder a esperança, de desanimar. O Senhor “conhece a minha vereda”, e “Vereda” como é descrito neste versículo, provavelmente, significa “saída de sua angústia”.
No salmo 139 Davi nos diz que quando éramos ainda uma substância informe, o Senhor já nos conhecia. E apesar de sua angústia, Davi reconhece que seus caminhos são conhecidos de Deus.
Ainda no versículo 3, Davi diz: “No caminho em que ando, me ocultam armadilha”, ele sabe aquilo que seus inimigos planejaram contra ele e que lhe armaram uma cilada para prendê-lo, mas ele expõe toda a sua aflição diante do Pai.
No verso 4, Quando Davi olha para a sua direita, não existia ninguém para que lhe pudesse ajudar. Ninguém que pudesse percebe a sua situação exceto o Senhor.
Ele diz não conhecer ninguém na terra que se interesse por ele. Sentia-se tremendamente humilhado.
Neste versículo nós vemos o estado em que Davi se encontrava, quanto a ser destituído de amigos, sentido solitário, pois ninguém quer saber dele.
Devemos suplicar a Deus porque Ele é o único que conhece a saída para a nossa angústia.
Necessitamos de um refúgio porque estamos cercados por adversários e as incompreensões nos atacam.
Mas além de suplicarmos a Deus porque Ele é o nosso refúgio, além de suplicarmos a Ele porque Ele é o único que conhece a saída para a nossa angústia, devemos responder a uma terceira implicação neste Salmo.
3) O QUE DEVEMOS SUPLICAR? (v. 6 e 7)
Devemos suplicar ao Senhor para que Ele atenda ao nosso clamor; suplicar ao Senhor para que Ele nos livre daqueles que nos perseguem; suplicar ao Senhor para que Ele tire de nossas vidas aquilo que está nos prendendo, aquilo que está nos impedindo de dar graças ao nome do Senhor.
Quando olharmos para o livro de I Samuel vemos a belíssima história da vida de Davi, e que Saul não tinha nada contra Davi, até o momento em que as mulheres de todas as cidades de Israel foram ao encontro do rei Saul e começaram a cantar:
“Saul feriu os seus milhares, porém Davi, os seus dez milhares”.
E a Palavra de Deus nos diz que daquele dia em diante, Saul não via mais a Davi com bons olhos. Irmãos, podemos ver em I Samuel 18 que Saul intenta matar Davi por mais de uma vez e a Palavra de Deus nos diz que Saul o buscava todos os dias, porém Deus não o entregou nas suas mãos.
No versículo 6 na parte b,. vemos a expressão perseguidores, vemos que Davi está sendo literalmente perseguido, como animal caçado; e no verso 7 a expressão cárcere, representa ser uma metáfora para sua situação frustradora: Ele é forçado a ficar num esconderijo, separado da vida normal, como se fosse um animal aprisionado em uma jaula.
Nos parece que literalmente Davi estava clamando para que o senhor o livrasse daquela prisão. Veja que a “prisão” que Davi poderia está se referindo, não tem o mesmo sentido de uma prisão moderna, mas, antes, é usada para simbolizar solidão e desespero.Esta prisão podia ser qualquer situação que mantivesse uma pessoa cativa.
Na parte final do verso 7b Davi termina o salmo dizendo que a fé, estava agora acompanhada pela esperança com olhar para o futuro. Davi antecipa o dia em que um sofredor depois de receber a resposta à sua oração, fará uma oferta de ações de graças na presença da congregação.
Vemos que no final deste salmo, ele visualiza o dia em que ele já não seria evitado ou perseguido, mas, sim, cercado (rodearão = cercar) por amigos pelos justos. É possível que ele antecipasse simplesmente seu momento de trazer uma oferta de ações de graças no culto público, ao voltar a ser um homem livre. Ainda que atualmente separado dos companheiros crentes, o livramento traria consigo comunhão renovada e louvor unificado.
CONCLUSÃO
Encontramos no Salmo 34 versículo 8 a afirmação dizendo que bem-aventurado é o homem que nele se refugia.
Quando estamos aflitos por causa da angústia ou até mesmo muito desanimado, ou mesmo quando nos deparamos com as dificuldades que nos cercam por todos os lados, devemos pensar alegremente que o Senhor conhece a nossa vereda. O Senhor conhece a saída da nossa angústia.
Quando suplicamos sinceramente o Senhor, encontram-no completamente suficiente, como nosso refúgio e porção: todo o mais é refúgio de mentiras e uma porção sem valor, Deus é o nosso porto seguro.
Quando estamos na “caverna”, em um lugar de solidão e aflição, devemos entregar ao Senhor as nossas necessidades. Devemos proclamar a nossa declaração de dependência em Deus.
Algumas vezes a vida cristã pode até mesmo parecer uma caverna funda e sombria, mas saiba que quando você está sofrendo, precisa abrir o seu coração ao Senhor.
Precisamos de um porto para ancorar quando nos sentimos abatidos pelas tribulações.
Para onde devemos nos voltar quando o nosso mundo desmorona? Ou até mesmo, quando enfrentarmos um problema embaraçoso, ou escandaloso?
Mas para quem nos voltamos quando não há ninguém a quem contar nossas dificuldades? Onde encontra coragem?
Os que estão desanimados precisam de um refúgio. Um lugar onde se esconder e sarar. Alguém disposto, afetuoso, disponível.
Se você não está conseguindo encontrar um, compartilhe do abrigo de Davi. Aquele que ele chamou de “minha Força... minha Rocha... minha Fortaleza... meu Baluarte... minha Torre Alta”.
Possuímos uma tendência de tentarmos resolver nossas dificuldades nos escondendo, nos afastando de tudo e de todos, e acabamos aprisionando-nos mais e mais; envolver-nos cada vez mais num labirinto de dificuldades.
Muitas vezes mantemos nossas dificuldades encerradas em nosso íntimo até que estas nos levem ao desespero.
Nossa segurança só pode ser encontrada na proteção do nosso Deus.
Deus é o nosso libertador. Ele é o nosso refúgio. Devemos colocar nossa confiança exclusivamente Nele, assim como Davi fez, ele voltou-se para o Deus vivo e descobriu nele um lugar para descansar e recuperar-se.
Em meio à adversidade, Davi não perdeu Deus de vista. Ele clama ao Senhor para livrá-lo.
Jesus diz que “vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei”, ele nos alivia em momento de angustia, ele nos incentiva a termos “bom ânimo” em momentos de tribulação, pois ele venceu o mundo.
“Enquanto o coração sentir-se premido pelo fardo da angústia, não haverá liberdade na oração”, diz Calvino, devemos nos libertar do fardo da angustia, confiando inteiramente no Senhor. É a ele que devemos suplicar nas nossas adversidades. Pois Ele é o nosso refúgio.
Que nossas palavras possam ser as mesmas de Martinho Lutero quando ele escreveu o hino Castelo Forte
Castelo forte é nosso Deus; espada e bom escudo; com seu poder defende os seus.
A força do homem nada faz, sozinho está perdido; mas nosso Deus socorro traz; em seu filho escolhido.
“O Senhor é a minha rocha, a minha cidadela, o meu Libertador; o meu Deus, o meu rochedo em que me refugio; o meu escudo, a força da minha salvação, o meu baluarte e o meu refúgio”

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