quarta-feira, 5 de maio de 2010

A FASE DOS “ENTAS” – UM TAL NÃO SEI BEM O QUÊ...


Olá queridos! Hoje é o meu aniversário, no entanto, não é como um outro qualquer, sabe por que? Hoje completo 40 anos de idade.
Levei um susto hoje pela manhã, quando me deparei com a entrada dos “entas”. Um sentimento misto de saudades, alegrias e desejo de confissão. Reflexão sobre meus erros e acertos nessa caminhada de 40 anos.
Lembranças e saudades, muitas saudades. Saudades de coisas de infância, de brigas com meu irmão “quase” gêmeo. Com tanta tecnologia nos nossos dias, hoje fiquei com saudades das conversas “ao vivo” com os amigos e não da forma superficial dos e-mails. Saudades da simplicidade da vida dos “antigos” (como dizia minha mãe referindo-se a pessoas mais idosas), simplicidade essa que gerava compartilhar de tempo com outros. Saudades do meus dias em casa rodeado pelo meus pais e irmãos. Saudades do pão caseiro da minha mãe todos os domingos a tarde. Saudades das EBF’s (Escola Bíblica de Férias) na antiga igreja. Saudades dos amigos da escola e da passagem por 2 vezes na quinta série e 4 vezes na sexta série (misericórdia). Saudades da minha conversão e do meus primeiros dias andando com o Senhor. Saudades da evangelização de porta em porta naqueles primeiros dias da minha fé na pacata cidade de Leme/SP. Saudades dos dias de seminário e da dificuldade financeira daqueles dias. Saudades de viver as coisas simples da vida e de participar de cada momento alegre, esquecendo a incerteza do futuro. Saudades de me divertir mais e se preocupar menos. Como alguém já disse: “Não paramos de nos divertir por ficarmos velhos. Envelhecemos porque paramos de nos divertir”.
Além da saudades, me veio hoje também um desejo de confissão. Confissão que gere reconciliação e perdão. Confissão que produz mudança. Um sábio fez uma reflexão sobre a trajetória do homem, chegando a conclusão: “O homem passa por três idades: a tolice da juventude,a luta da idade madura e os remorsos da velhice”. Creio que meus remorsos (ou melhor, arrependimentos) vieram mais cedo, por isso, quero confessar a você. Confissão essa, que possa gerar em mim mudanças nessa minha fase antagônica dos “entas”. Confesso que no decorrer dos anos tenho deixado escapar valores aprendidos na infância, nos braços de minha mãe. Confesso que tenho esfriado naquele primeiro amor nos dias da minha conversão, dias esses que me deram a coragem de pregar para o padre da cidade e denunciar o pecado de uma geração decadente. Confesso que tenho perdido o desejo de compartilhar da comunhão com o povo de Deus, como tempo atrás onde buscava qualquer igreja aberta nas segundas-feiras da vida. Confesso estar preocupado mais com a obra de Deus do que com o próprio Deus. Confesso ter colocado outros valores na vida, no lugar dos valores eternos. Confesso que meus olhos estão secos e não encharcados como nos meus primeiros dias andando com meu Mestre. Confesso que, por muitas vezes faço a obra de Deus de forma mecânica e sem vida, esquecendo minha motivação maior. Confesso que não gasto mais tempo com minha família, como foi meu desejo e alvo quando solteiro. Confesso hoje que tenho um forte desejo de VOLTAR.
Quero voltar aos meus 19 anos, quando encontrei o Senhor na minha vida. Quero voltar a ter prazer na Palavra do Senhor, ao ponto de ler a Bíblia a noite toda e não se cansar, como já aconteceu comigo. Quero voltar a ter prazer no Senhor e a ter um coração sensível que chora sem vergonha. Quero voltar aos pés do Senhor, ao primeiro amor. Voltar a ter prazer na simplicidade da vida e da fé. Quero voltar a acreditar de que a fé é a certeza das coisas que não se veem. Quero voltar a gastar tempo com os amigos, não se preocupando com as tarefas a fazer. Quero voltar a valorizar mais as pessoas do que meu tempo e minhas coisas. Quero participar do sorriso dos meus filhos e das alegrias das conquistas deles, por menores que sejam. Quero voltar a ser mais humano e menos intelectual. Quer ler a Bíblia de forma ingênua, sem deixar-me desacreditar nela devido aos meus princípios teológicos. Quero voltar aos pés do meu Mestre e aprender com suas palavras simples, que é melhor servir do que ser servido.
Nessa reflexão melancólica dos meus quarenta, volto para o Senhor para trazer a memória aquilo que me pode dar esperança (Lamentações de Jeremias 3:21). Volto para meu Salvador e Senhor para regastar a alegria da vida. Volto para meu Deus, o ator e consumador da minha fé. Volto para o Eterno, pois Ele é o único que não rejeita um coração compungido e contrito (Salmo 51:17). Volto para Aquele que me traz a alegria de alcançar mais uma fase da vida.
Celebrando com minha família, amigos e irmãos na fé, entro na fase dos “entas”, quebrantado, mas restaurado pelo Senhor. Entro nessa fase cheio de regozijo, participando da paz do Eterno. Entro nessa fase com muito saudosismo, muita confissão, mas acima de tudo com muito senso de humor... E que venham muitos “entas” pela frente.
E a Ele, o único Senhor. Aquele que é soberano a tudo e a todos. Aquele que tem todo o domínio e merece todo o louvor. A Ele somente seja a glória, hoje e para todo o sempre. Amém!
Carta recebida do Missionário Presbiteriano Osni Ferreira em 12/04/2010

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